Região Marche

A região Marche faz parte de uma Itália genuína! Pouco conhecida e fora dos circuitos de turismo tradicional. Uma região ideal para conhecer com calma, aproveitando sua gastronomia e vivendo uma experiência inesquecível de contato com a tradição! No ano de 2020 o guia Lonely Planet no seu Best in Travel classificou a região como segunda região a ser visitada no mundo! 

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Em italiano é chamada de "Le Marche", a única região no plural! O nome deriva do alemão Mark, que significa fronteira. Recebeu esse nome justamente porque demarcava a fronteira do Sacro Romano Império. Como Carlos Magno confiava aos nobres os feudos que eram chamados de Marchesati, surgiram a Marca de Ancona, a Marca de Camerino, a Marca Fermana... Por isso o nome do plural. 

Onde fica

Geograficamente a região fica entre a cadeia de montanhas conhecida como Apenino Umbro-Marchigiano e o mar Adriático. Faz fronteira com as seguintes regiões: Emilia-Romagna, San Marino (San Marino é um país, ou seja, temos uma fronteira internacional!), Toscana, Umbria, Lazio e Abruzzo. Conseguiu visualizar territorialmente? Possuiu planícies litorâneas, colinas e uma cadeia de montanhas. Por ser uma região geograficamente completa recebeu o slogan "A Itália em uma região".

Possui uma beleza natural impressionante e inúmeros parques: Parque Nacional dos Montes Sibillini, Parque Nacional do Gran Sasso e Monti della Laga, Parque Regional do Conero, Parque Regional do Monte San Bartolo, Parque Interregionale Sasso Simone e Simoncello e Parque Regional della Golla della Rossa e di Frasassi.  

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Monte Conero visto de Porto Recanati

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Parque Nacional do Sibillini - Montegallo

Além dos parques, o mar Adriático oferece uma grande extensão (173 km) de praias com várias opções de divertimento e duas importantes Rivieras: Riviera do Conero e Riviera delle Palme. Possui uma importante concentração de grutas e cisternas, com cidades soterraneas. Atualmente conta com 16 Bandeiras Blu (é o reconhecimento da Foundation for Environmental Education - FEE), ficando em 4° lugar no ranking nacional da classificação das praias.

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Praia de Portonovo - Ancona

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Grutas de Frasassi - Genga

Seu território é inteiramente colinar e montanhoso, sendo uma das regiões mais colinares da Itália possuindo 69% do território com esse relevo. Podemos admirar uma paisagem rural muito cuidada, com as colinas cobertas de cultivações, que parecem tapetes multicoloridos. Cada colina possui ou uma casa colônia, ou uma aldeia, ou um castelo e possui um alto índice de ocupação territorial. 

colinas

Colinas de Numana

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Lago de Fiastra

História

Desde a Era do Ferro (1.200 a.C. - 1.000 a.C.), a região já era habitada, inicialmente pelos Picenos que deixaram relíquias da sua presença, com esculturas, arte figurativa, tumbas, cerâmicas, armas etc.

A partir do IV século a.C. chegaram na região os Galli Senoni, que era uma população céltica, proveniente do norte da França e ocuparam parte da região (influenciando o dialeto local que recebe uma flexão francofona). No mesmo período os gregos de uma colônia de Siracusa fundaram Ancona, que se tornou uma cidade de língua, cultura e aspecto grego, inclusive com a construção de um templo para a deusa Afrodite, na parte mais alta da cidade. Essa colonização se manteve por anos, mesmo quando grande parte da região já fazia parte do estado romano.

Os Picenos viviam em todo o território, e conviveram com as diversas culturas, sofrendo influência delas, até a sua romanização. Do mesmo jeito, os Senoni em contato com gregos e picenos, também evoluindo criando uma mistura de culturas celta-grega-itálica.

Ancona com seu porto natural, manteve relações com os principais centros do mediterrâneo Oriental, sendo gradualmente absorvida pelo estado romano, devido sua importância estratégica.

O Estado Romano primeiro expulsou os celtas e pouco a pouco, dominou completamente os picenos. Duas importantes estradas ligavam Marche a Roma: a estrada Flaminia que chega até Fano e a estrada Salaria que chega até onde hoje é Porto d'Ascoli. Durante o período romano imperial, Ancona foi escolhida pelo imperador Traiano como Porto de Roma para o Oriente, sendo chamada de "Entrada da Itália" ou "Porta do Oriente".

Depois dos romanos ainda chegaram os bizantinos e longobardos, depois a divisão em municípios e senhorias. Todo esse passado, deixou testemunhas arqueológicas, arquitetônicas e artísticas.

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Anfiteatro Romano de Ancona

Clima

O verão na região é um ótimo momento para apreciar os 173 kilometros de costa. Ou para um passeio em Fiastra com direito a um mergulho no lago homônimo. Além de ser a estação dos girassóis, que são muito cenográficos e vale a pena parar para fotografar. No outono é o momento para acompanhar a "folliage", por toda a região temos bosques nos variados tons de amarelo e laranja. É também a época das feiras do Tartufo (trufa), e você precisa provar as delícias gastronômicas com tartufo bianco. O inverno oferece a oportunidade de passeios nas montanhas e esportes de inverno, com diversas pistas em toda a região. A primavera é o momento de observar as flores selvagens nos monte Sibillini, os campos que viram um verdadeiro tapete amarelo de colza (a planta usada na produção de óleo canola) ! 

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Arte

O patrimônio artístico regional é enorme, com obras que vão desde o período Românico ao Gótico, de pintura a partir do século XII até o renascimento com obras de Rafael, Carlo Crivelli, Tiziano e Lorenzo Lotto, aliás os últimos anos de Lotto foram vividos na região, onde deixou muitas de suas obras. Muitas cidades ainda possuem um fascínio medieval com centros históricos bem preservados: com cintas murárias, antigos comércios, estradas romanas, palácios de famílias nobres e muitas igrejas.

Urbino se apresenta com sua arquitetura do rinascimento e é Patrimônio da Humanidade; e se destaca no roteiro cultural devido à sua importância histórica. A região também possui um grande número de teatros históricos, sendo uma das primeiras na Itália! Mesmo cidade bem pequenas possuem seu próprio teatro.

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Santuários e caminhos

Marche é uma terra de santos, beatos e papas, que marcaram a história e cultura da região, criando centros de espiritualidade espalhados nas colinas; não faltam mosteiros, abadias e conventos. Conhecer a região através do seu patrimonio religioso, pode ser uma ótima experiência na busca da paz interior.

Loreto é sede de um dos maiores santuários Marianos do mundo, e é visitada por pelegrinos do mundo todo. Ali está a Santa Casa, a casa onde Maria nasceu! Leia mais no artigo: Loreto.

Além dos santuários religiosos a região possui vários caminhos, que são de interesse religioso, naturalistico e histórico. Como os Caminhos Lauretanos, uma série de trilhas que percorrem os Vales do rio Chienti e do Potenza, formando a antiga via Lauretana. Além deles temos os caminhos Franciscanos, que percorrem 180 km de Assis até Ascoli! São os caminhos que recordam a longa peregrinação de São Francisco pela região. Inclusive São Francisco embarcou para a Terra Santa no porto de Ancona.

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Basílica de Loreto

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